quinta-feira, 22 de maio de 2008

DESENVOLVIMENTO

O sistema de comunicação faz emergir e desenvolver o sujeito psicológico humano, que dispõe da linguagem e dos símbolos como instrumento (Vygotsky, 2001), através do processo de triangulação: “EU- OBJETO- OUTRO”.
Língua: Mecanismo semiótico de transmissão de mensagens por meio de um conjunto de signos elementares. A língua natural é um sistema modelizante uma vez que constrói a partir de outros mecanismos tais como fonação, grafismo, convenções sócio-culturais.
Linguagem: No sentido semiótico mais amplo do termo, é sistema organizado de geração, organização e interpretação da informação. Trata-se de um sistema que serve de meio de comunicação e que se utiliza de signos. O fato de possuir regras de combinação definidas distingue a linguagem dos sistemas não comunicativos e dos sistemas não comunicacionais que não utilizam signos. A linguagem se distingue igualmente dos sistemas que servem de meio de comunicação e que utilizam signos pouco formalizados ou sem nenhuma formalização. Linguagem é também entendida como a que se expressa não por signos lingüísticos, mas por outros signos, seja através da arte, da técnica de representação e de expressão gráfica, da imagem de um tema real ou imaginário, em suas várias formas e objetivos (lúdico-artístico, cientifico, técnico e pedagógico).
A linguagem é uma espécie de “cabo de vassoura” muito especial, capaz de transformar decisivamente os rumos de nossa atividade. Quando aprendemos a linguagem específica de nosso meio sócio-cultural, transformamos radicalmente os rumos de nosso próprio desenvolvimento. Assim, podemos ver como a visão de Vygotsky dá importância à dimensão social, interpessoal, na construção do sujeito psicológico. As suas pesquisas sobre a aprendizagem tiveram na sua maior parte enfoque na pedagogia. Os processos de desenvolvimento chamaram a sua atenção, que sempre procurou o aparecimento de novas formas de organização psicológica, ao invés de reduzir a estrutura de aprendizagem a elementos constitutivos.

Signo: O conceito de signo está vinculado ao conceito de significado. Desde o final do século XIX até o fim do século XX, o conceito de signo sofreu a influência da evolução. O signo é social porque as palavras de uma língua pertencem à uma comunidade lingüística e não cabe a um único indivíduo tentar modificar sua estrutura sonora (significante) ou o seu conteúdo (significado). Visto que os signos são aceitos e utilizados por uma comunidade lingüística, compete ao indivíduo apreende-los e usá-los com o seu sentido (significado), pré-estabelecido pelo meio social, e coma sua estrutura sonora correspondente (significante). O conceito de signo é uma das referências básicas para a compreensão das teorias que tratam o estudo da aquisição da linguagem.
O símbolo é entendido como organizador de experiências emocionais, pois tem um papel de equilibração entre estas e o mundo exterior (Vygotsky, 2001), na medida em que o homem se forma constituindo sua consciência, e, através da mediação de signos, incorpora-se à comunidade, internalizando o social (externo).
Vygotsky dá ao signo uma função intrinsecamente ligada ao indivíduo. Como psicólogo não ignora a função social do signo, mas admite, como princípio que para o indivíduo, o significado das palavras evolui. Segundo ele, a compreensão de que há um desenvolvimento individual independentemente da relação social, mostra que os significados de um signo se modificam à medida que a criança se desenvolve e , também, de acordo com as várias formas pelas quais o pensamento funciona.
O desenvolvimento dos processos cognitivos interfere de modo a refletir que o significado (sentido) de um significante (o vocábulo) sofre alterações de acordo com o desenvolvimento dos processos cognitivos. Para Vygotsky (1989), o signo só é imutável quando o indivíduo utiliza o mesmo significante, mas é mutável, em relação ao desenvolvimento dos processos cognitivos (processo de maturação).
As obras de Vygotsky incluem alguns conceitos que se tornaram incontornáveis na área do desenvolvimento da aprendizagem. Um dos conceitos mais importantes é o de Zona de Desenvolvimento Proximal, que se relaciona com a diferença entre o que a criança consegue aprender sozinha e aquilo que consegue aprender coma ajuda de um adulto. A Zona de desenvolvimento Proximal é, portanto, tudo o que a criança pode adquirir em termos intelectuais quando lhe é dado o suporte educacional devido. Outra contribuição vygotskiana de relevo foi a relação que ele estabelece entre pensamento e linguagem desenvolvida em seus livros.
O signo para Bakhtin é um elemento de natureza ideológica. Ele chega a afirmar que todo o signo é ideológico por natureza. Desta forma é viável dizer que o signo é carregado de significações ideológicas. Nenhum signo isolado possui valor em si mesmo. Todo signo deve ser contextualizado para ganhar significação. Se um elemento sígnico não contiver em si uma carga de pura ideologia emanada pelo contexto a que pertença, não poderá ser considerado um signo perfeito.
O signo embevecido de significação ideológica pode estar sujeito a critérios de avaliação do meio ideológico e, naturalmente, ser entendido conforme a necessidade contextual dos interlocutores. Quando o signo é contextualizado, o campo de domínio do signo converge com o campo de domínio do fator ideológico que ele representa.
Para Bahktin o reconhecimento do sujeito e do sentido é imprescindível para a constituição de ambos. Ele coloca em crise a unicidade do sujeito falante atribuindo um estatuto heterogêneo. O sujeito modifica seu discurso em função das intervenções dos outros discursos, sejam elas reais ou imaginadas. Portanto, o sujeito não é a fonte primeira do sentido. O sujeito emerge do outro.
Vygotsky considerou a escola o próprio espaço de atuação da psicologia, porque na escola é que “se realizam sistemática e intencionalmente as construções e a gênese das funções psíquicas superiores”. Para ele, essas funções seriam “resultado da influência cultural na aprendizagem e no desenvolvimento” e, para sua explicação seria necessária uma interpretação histórica, situando-as em seu contexto original.
Bakhtin, não sendo um psicólogo, mas um filósofo da linguagem, interessou à autora pela sua pluralidade. Graduado me letras, história e filosofia, ele foi um crítico do formalismo russo.
O interesse de Bakhtin pela psicologia se relacionou à “necessidade de compreender a construção da consciência e, por aí, apreender especificidades da criação artística”. A análise que fez da psicologia baseou-se na perspectiva semiológica e social, tendo se fundamentado na linguagem e utilizado o método dialético.
Bakhtin considerou o “nascimento social” do homem como indissociável ao seu nascimento biológico. O nascimento concreto do homem se daria em sua classe social. Dessa maneira, ele elaborou sua teoria da consciência, fundamentando-a nos aspectos sociológicos, rompendo com os aspectos fisiológicos ou biológicos.
A visão sócio-histórica abordada nas obras de Vygotsky e Bakhtin tentam propor uma psicologia que possa contribuir efetivamente com o estudo pedagógico. A perspectiva totalizadora desses autores a faz acreditar na possibilidade de superação da fragmentação experimentada pela psicologia, que, abordada a partir de uma concepção do homem como ser coletivo pode contribuir para o estudo da dimensão pedagógica.

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